quarta-feira, maio 04, 2011

Momento filosófico ambiental I

Todos os animais têm síndrome de estocolmo. E realmente não sei definir quais são os piores: os de casa ou os de apartamento. Porque os de casa ainda podem fugir, algum dia, que seu "dono" esteja desavisado, ele corre, foge pra longe e ninguém o encontra nunca mais. Os de apartamento não. Ficam aprisionados naquelas quatro paredes com divisórias pro resto da vida. E acostumam. E gostam.
Nessa manhã, o gato que mora aqui em casa veio deitar comigo. Se colocou embaixo dos cobertores, deitou bem pertinho de mim e ficou, ronronando, um bom tempo. Ele estava com frio. Foi a alternativa que ele achou. Às vezes eu penso que ele percebe a condição de prisioneiro dele, e aí fica hostil. Outras vezes ele aceita ela e até gosta, e aí entra a síndrome de estocolmo. Ele aprendeu a me amar. E ama, incondicionalmente.
Eles amam seus carcereiros. Como carcereiros, alimentamos, damos água, condições para sua "higiene". Mas ainda assim, carcereiros. E eles agradecem.
É extremamente cruel a relação. E além de tudo, os chamamos de "nossos". Dizemos que somos "donos".

terça-feira, dezembro 07, 2010

Vou fazer uma postagem bem deselegante nesse humilde blog:

VÁ PRA PUTA QUE PARIU. NÃO VOU FICAR MENDIGANDO A ATENÇÃO DE NINGUÉM.


Obrigada pelo espaço. Beijos.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Eu perco oportunidades. Eu me desestimulo. Eu fico dentro de casa e não corro atrás de nada que quero e acredito. Estamos em novembro. E o que eu fiz, como ser humano, como artista?


Talvez eu esteja me enganado esse tempo todo e eu, na verdade, tenha o perfil pra fazer um concurso público e ficar no mesmo emprego pro resto da vida.

quarta-feira, maio 26, 2010

Eu gostaria de apresentar-vos a mais nova musa da internet.

Com vocês, a rainha Cleycianne.

sábado, janeiro 09, 2010

Mantendo esse clima de auto-descrição, escrevi um about-me pro orkut, que achei de tamanha deselegância que creio ser merecedor de ocupar espaço nesse humilde e pedante (?) blog.




Eu nunca fui uma pessoa de grandes aspirações. Todos os meus maiores méritos vieram por acaso, a partir de um fragmento de substância nociva e baritonamente compulsória. Grave. Aliás, o meu rolo compressor vital é de frequência compulsória e frenéticamente ativa.

Aliás. Acho sexy o uso de tal palavra.

Eu sempre fui uma pessoa de grandes aspirações. Nasci querendo ser a rainha da inglaterra, ser a bailarina que foi à lua, ser a rainha bailarina que foi à lua em cima de um jet ski pilotado por pôneis. Eu gosto de rainhas.

O meu problema é a mesmice. Não que eu deseje uma aventurosa odisséia perpetuada por espécies desgrenhadas-desgrudadas, mas veja bem, há gerações estamos sendo carcomidos por grandes monstros oníivoros oniscientes perfeitamente dentro de suas faculdades mentais, e eu simplesmente me reestruturo dentro de uma fagulha, micro fagulha microscópica espacial, de tempos em tempos transfigurada em mim. E eu me canso de estar nesse moto-perpétuo, nesse clímax catártico. Não queremos catarse. Queremos desdobramentos, e eles estão cada vez mais esparsos.

Por que alguém ainda vê um potencial bélico pseudo-revolucionário numa repetição de padrão? Pensem. Nos anos 20, eles eram muito mais ousados que nós. Nós só jogamos merda no ventilador.

Eu não sou uma pessoa de poucas aspirações. Minha mente se processa a 10 anos-luz por segundo e eu não acompanho os meus próprios quereres. Nasci classemédia mimada por uma sociedade sociopata sociopolítica que pediu minha cabeça a prêmio quando ainda era jovem demais para entender os sistemas de ensino. Entenda. A culpa nao é minha. Acho que a culpa é sua. Sou isenta de toda a culpa, ou toda a ignorância, ou toda a ignomínia, ou todo o desalento desacalentado que me cerca.

Eu sou uma junção de mecanismos de defesa pára-freud-reichianos desgraçados assexuados nessa massa pseudoencefálica destruída pelo azar. Eu digo AZAR de ter nascido nesse país, nesse estado, nessa desgraça-(g) raça dessa humanidade fétida.

Longa vida às vacas!!!!

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Eu sou feita de alguma substância química pouco apropriada para manuseio, minha composição tóxico-anêmica tem um ar denso e pouco palpável. Eu não tenho por objetivo nenhum intuito destrutivo, mas nem sempre é possível manter esse falso equilíbrio (como se alguém ainda acreditasse nisso...).
Se todas as verdades fossem tão absolutas, qual seria o objetivo de estar ainda? É um pouco irracional se sentir sem perspectiva. Ou talvez seja racional demais. Às vezes eu me sinto leve, como se o mundo todo estivesse conspirando a meu favor e o único caminho factível fosse a eterna calmaria. Mas de repente, como se uma pedra de toneladas fosse jogada em cima de meu peito, eu sinto sufocar, e todo esse peso dói dentro dos meus pulmões, do intestino, do estômago, do coração. Como se o ar que circula nos órgãos vitais estivesse escasseando. Não chega a ser tristeza de fato, é como um desespero existencial. Algo sem fuga, inevitavelmente irritante. Porque é sim extremamente irritante se sentir incapaz.

terça-feira, novembro 24, 2009

Cena II:

(senta no chão ao lado de uma senhora que olha para trás incessantemente)

Ela – Você não deveria se preocupar tanto com suas crises. Elas podem acabar te consumindo.
Desconhecida - No único segundo que dormi eles tiraram tudo de mim.
Ela – Você não deveria se preocupar tanto com suas crises. Elas podem acabar te consumindo.
Desconhecida – Você é tão jovem e consumiu-se antes de mim.
Ela – Você não deveria se preocupar tanto com suas crises. Elas podem acabar te consumindo.
Desconhecida – Você existe mesmo? Não vejo possibilidade na perspectiva. Vamos, me entregue essa desconstrução.
Ela – Você não deveria se preoc... pausa para um suspiro. Bom dia. A senhora têm horas, por favor?
Desconhecida – São 15 horas e 15 minutos.
Ela – Muito obrigada. Faz uma tarde agradável hoje, a senhora não acha?
Desconhecida – Esse vento é de chuva. Mas é até bom, minhas plantas estão morrendo e nós ainda estamos na primavera...
Ela – De fato, estamos no outono, quase no inverno. Ontem geou.
Desconhecida - Oh... Oh! Então eles me enganaram por todos esses anos! Eu nunca esperei algo assim de alguém com tanto caráter!
Ela – Quando eu enganei não tinha caráter algum.
Desconhecida – Então estava apenas cumprindo seu papel.
Ela – Quem você está esperando?
Desconhecida – Agamenon, Porfídio, Tandara, Gilsa, Henilácia, Fenilalanina, Elastano e Zelda.
Ela – Deixe-os viver! Eles não estão suficientemente agasalhados.
Desconhecida – Nem eu estou.
Ela – Você sempre esteve.
Desconhecida – As suas lógicas me deixam confusa.
Ela – Esse momento já passou. Eu senti meu ar sendo sugado com um aspirador de pó nos últimos minutos. Mas é a sensação.
Desconhecida – Eles nos extorquem o tempo todo. E eu pedi para não ser afetada...
Ela – Fecha-se o ciclo.
(transição na cena. Retorno – Elas se esbarram na rua.)
Ela – Desculpa.
Desconhecida – A culpa foi minha. Se machucou?
Ela – Minha visão está turva.
Desconhecida – Deixe-me fazer um curativo.
(Ela senta e chora)
Desconhecida (histérica) ­– Ah meu deus, ah meu deus! Eu não sabia, eu não sabia! Eu... eu... Todos os dias é a mesma forma, é a mesma... a mesma... Eu percebo todas as cores, as texturas, viajo através daquilo que... daquilo... e caio. Vou aos extremos, ah meu deus, eu quero me livrar desse desespero byroniano. Me esvazie. Quero acordar e pensar no meu trabalho medíocre, no marido medíocre, na vizinha medíocre, na novela medíocre, na família medíocre, na vida, vida medíocre e completamente vazia de significação. Se eu viver pela subsistência eu largo todo esse turbilhão desesperador e sumo como reflexão. Por favor, me desfragmente. Minha cabeça dói, e eu durmo mais feliz do que acordo, que ainda é mais alegre que a forma que vou dormir na noite seguinte. É uma sucessão dramática digna de mal do século. Mas não... ah... (acalmando-se) eu percebo. Ah sim, eu vejo que, no fundo, é a metafísica. Existem mil ampulhetas deslizando suavemente por entre meus dedos e eu devo, devo permanecer estática. Perdão pela falta de compreensão dessa maestria.
Ela – Você não deveria se preocupar tanto com suas crises. Elas podem acabar te consumindo.
(Desconhecida olha para trás várias vezes)
Ela – Você respira em intervalos quebrados.
Desconhecida – Eu acabei de morrer. Você não percebeu?
Ela – Não sei. Para mim você está completamente viva.
Desconhecida – A sua análise é superficial.
Ela – E a sua é exagerada.
Desconhecida – Sua percepção não é maior que a de um camundongo.
Ela – Vou entender como um elogio.